Com a crescente pressão por práticas sustentáveis nas empresas, o Relatório de Sustentabilidade tornou-se uma ferramenta essencial. Esse documento, além de comunicar as iniciativas e resultados de uma organização, também reflete seu compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Dessa forma, o Relatório de Sustentabilidade se torna um meio importante para apresentar como a organização lida com seus riscos socioambientais, abordando questões como direitos trabalhistas, direitos humanos, ambientais e até práticas anticorrupção.
Por isso, entender a estrutura e a função desse relatório é fundamental para compreender sua relevância na jornada ESG (Ambiental, Social e Governança) da empresa.
Neste blog, vamos abordar o que é um Relatório de Sustentabilidade, sua relevância e quais princípios o orientam.
Acompanhe conosco!
Entenda o que é um Relatório de Sustentabilidade
O Relatório de Sustentabilidade é um documento elaborado pelas empresas para registrar e divulgar suas práticas sustentáveis.
Dessa forma, esse tipo de relatório está relacionado ao conceito ESG, que abrange aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa.
Enfim, seu objetivo é comunicar, de forma clara e integrada, as ações da empresa para mitigar impactos negativos e aumentar os positivos, demonstrando sua maturidade nas questões ESG.
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Informações essenciais em um Relatório de Sustentabilidade
Um Relatório de Sustentabilidade deve apresentar informações relevantes e bem estruturadas, reforçadas por indicadores e evidências concretas.
Portanto, a clareza na apresentação dessas informações é fundamental para demonstrar o comprometimento da empresa com a Sustentabilidade e com iniciativas como o Pacto Global e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Principais áreas que devem ser abordadas no relatório:
- Práticas de trabalho e condições laborais;
- Impactos na comunidade;
- Gestão e práticas ambientais;
- Estrutura e políticas de governança.
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Princípios Fundamentais do Relato
Os Princípios de Relato são essenciais para garantir a qualidade e a integridade das informações apresentadas.
Ao aplicar esses princípios, uma organização pode afirmar que suas informações estão em conformidade com as Normas GRI.
O Global Reporting Initiative (GRI) estabelece um padrão internacional para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, com a missão de fornecer uma linguagem comum para a comunicação de impactos. Essa metodologia é amplamente utilizada em todo o mundo.
Sem dúvida, a metodologia GRI é uma das mais utilizadas em relatórios de sustentabilidade no mundo todo.
Na prática, as Normas GRI consistem em um conjunto de diretrizes que orientam as organizações na divulgação de seus impactos, sejam eles positivos ou negativos.
A seguir, confira os 8 princípios estabelecidos pelo GRI:
1. Exatidão
Segundo o GRI, a organização deve relatar informações que sejam corretas e suficientemente detalhadas para permitir uma avaliação precisa dos impactos. A exatidão varia de acordo com a natureza das informações, sejam elas qualitativas ou quantitativas, e o uso que se pretende fazer delas.
Para garantir a exatidão das informações, recomenda-se que a organização:
- Relate informações qualitativas que estejam alinhadas com outras evidências e dados disponíveis;
- Indique claramente quais dados foram medidos;
- Descreva detalhadamente as medições e as bases de cálculo, assegurando que esses processos sejam reproduzíveis com resultados semelhantes;
- Garanta que a margem de erro nas medições não comprometa as conclusões ou avaliações feitas pelos usuários;
- Esclareça quais dados foram estimados, apresentando as premissas e técnicas utilizadas para as estimativas, além de quaisquer limitações associadas.
2. Equilíbrio
De acordo com o GRI, a organização deve relatar informações de maneira imparcial, oferecendo uma representação justa dos impactos, tanto negativos quanto positivos.
[H4] Para aplicar o princípio do Equilíbrio, recomenda-se que a organização:
- Apresente informações que permitam aos usuários identificar tendências, tanto negativas quanto positivas, nos impactos ao longo dos anos;
- Distinga claramente entre fatos e a interpretação que a organização fornece sobre esses fatos;
- Não omita informações relevantes sobre seus impactos negativos;
- Evite enfatizar excessivamente notícias ou impactos positivos;
- Não apresente as informações de maneira que possa influenciar inadequadamente as conclusões ou avaliações dos usuários.
3. Clareza
Para garantir a clareza, a organização deve apresentar informações de maneira acessível e compreensível.
Assim, recomenda-se que a organização:
- Considere as necessidades específicas de acessibilidade dos usuários, levando em conta habilidades, idioma e tecnologia;
- Apresente informações de forma que os usuários consigam localizar o que desejam sem dificuldade, utilizando índices, mapas ou links;
- Elabore as informações de modo que sejam compreensíveis para aqueles que possuem um conhecimento razoável sobre a organização e suas atividades;
- Evite abreviações, termos técnicos ou jargões que possam ser pouco conhecidos pelos usuários; se necessário, inclua explicações nas seções apropriadas ou em um glossário;
- Relate informações de forma concisa, agrupando dados quando útil, sem omitir detalhes essenciais;
- Utilize figuras e tabelas com dados consolidados para facilitar a acessibilidade e compreensão das informações.
4. Comparabilidade
Para assegurar a comparabilidade, a organização deve selecionar, compilar e relatar informações de maneira consistente. Isso permite analisar mudanças nos impactos ao longo do tempo e comparar esses impactos com os de outras organizações.
Afinal, informações relatadas de forma comparável capacitam a organização e os usuários a avaliarem os impactos atuais em relação a períodos passados, além de seus objetivos e metas. Da mesma forma, possibilitam que partes externas comparem os impactos da organização com os de outras.
Para aplicar esse princípio, recomenda-se:
- Apresentar informações do período atual e de pelo menos dois períodos anteriores, incluindo objetivos e metas estabelecidos;
- Utilizar métricas internacionalmente reconhecidas (como quilogramas ou litros) e protocolos padronizados para compilar e relatar dados;
- Manter consistência nos métodos de medição e cálculo, assim como nas explicações sobre os métodos e premissas utilizados;
- Garantir uniformidade na apresentação das informações;
- Relatar dados totais ou absolutos (ex.: toneladas métricas de CO2 equivalente), além de proporções ou dados normalizados (ex.: emissões de CO2 por unidade produzida), permitindo comparações e fornecendo notas explicativas quando usar proporções;
- Oferecer informações contextuais (como porte e localização geográfica da organização) para ajudar os usuários a entender as diferenças entre os impactos da organização e os de outras;
- Apresentar dados atuais junto com reformulações de dados históricos para permitir comparações, especialmente se houver mudanças na metodologia de medição, definições ou outros elementos do relato;
- Caso não sejam apresentadas reformulações de dados históricos, é importante explicar as mudanças para fornecer informações contextuais que auxiliem na interpretação dos dados atuais.
5. Completude
Para garantir a completude, a organização deve fornecer informações suficientes para que se possa avaliar adequadamente os impactos durante o período de relato.
Nesse caso, recomenda-se que a organização:
- Apresente atividades, eventos e impactos no período em que ocorrem. Isso inclui relatar informações sobre atividades que possam ter um impacto mínimo a curto prazo, mas que podem resultar em efeitos cumulativos previsíveis, tornando-se inevitáveis e irreversíveis a longo prazo (como atividades que geram poluentes bioacumulativos ou persistentes).
- Não omita informações necessárias para compreender os impactos da organização. Se a organização incluir várias entidades (como uma controladora e suas subsidiárias), deve explicar a abordagem utilizada para consolidar as informações;
- Caso a informação para um determinado conteúdo ou requisito esteja indisponível ou incompleta, é fundamental que a organização forneça um motivo para essa omissão. Quando as informações estiverem incompletas, a organização deve especificar qual parte está faltando (por exemplo, indicando as entidades para as quais os dados estão ausentes).
6. Contexto da Sustentabilidade
A organização deve relatar seus impactos considerando o contexto mais amplo do desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável é definido como aquele que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades”.
Com isso, o objetivo das Normas GRI é fornecer transparência sobre como a organização está contribuindo ou pretende contribuir para esse desenvolvimento. Para isso, é essencial que a organização avalie e comunique seus impactos nesse cenário maior.
Para aplicar esse princípio, recomenda-se:
- Use medidas objetivas e confiáveis de desenvolvimento sustentável para relatar seus impactos, como pesquisas científicas ou consensos sobre os limites e demandas dos recursos ambientais;
- Relate informações sobre seus impactos em relação a objetivos globais de desenvolvimento sustentável, como a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) de acordo com o Acordo de Paris da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (FCCC);
- Compare seus impactos com as expectativas da sociedade e as normas de conduta empresarial responsável, mencionadas em instrumentos internacionais como as Diretrizes da OCDE para Empresas Multinacionais e os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos da ONU;
- Se operar em diversas regiões, apresente dados sobre seus impactos de acordo com os contextos locais, como o uso de água em bacias específicas, levando em conta limiares ambientais e contextos sociais.
7. Tempestividade
A organização deve relatar suas informações de forma regular e disponibilizá-las a tempo para que os usuários possam tomar decisões informadas.
A relevância das informações depende diretamente de sua disponibilidade no momento certo, permitindo que sejam integradas ao processo decisório.
Para aplicar o princípio da Tempestividade, recomenda-se:
- Encontre um equilíbrio entre publicar as informações com rapidez e garantir que elas sejam de alta qualidade, atendendo aos demais princípios de relato;
- Mantenha consistência na duração dos períodos de relato;
- Indique claramente o período de tempo coberto pelas informações fornecidas.
8. Verificabilidade
A organização deve coletar, registrar, compilar e analisar informações de forma que sua qualidade possa ser examinada.
Portanto, a veracidade das informações deve ser verificável, garantindo que os princípios de relato sejam devidamente aplicados.
Para aplicar o princípio da Verificabilidade, recomenda-se:
- Estabeleça controles internos e organize a documentação para que terceiros (como auditores internos ou verificadores externos) possam analisar as informações relatadas.
- Documente os processos decisórios relacionados ao relato de sustentabilidade, permitindo a verificação de decisões importantes, como a definição de temas materiais;
- Caso a organização desenvolva sistemas de informação para seu relato de sustentabilidade, assegure-se de que possam ser auditados externamente;
- Garanta que as fontes originais das informações relatadas sejam identificáveis e forneça evidências confiáveis para embasar premissas e cálculos;
- Forneça declarações que atestem a exatidão das informações dentro de margens de erro aceitáveis;
- Evite incluir informações não fundamentadas em evidências, a menos que sejam essenciais para entender os impactos;
- Explique claramente quaisquer incertezas associadas às informações relatadas.
Importância do Relatório de Sustentabilidade para a Jornada ESG da sua empresa
Como você acompanhou, o Relatório de Sustentabilidade desempenha um papel importante ao garantir que a empresa comunique seus resultados e ações em relação à sustentabilidade e à gestão de temas ESG.
Portanto, ele serve como uma plataforma central de informações, promovendo transparência e responsabilidade.
Os benefícios da elaboração do relatório incluem:
- Gestão de riscos: identificação e mitigação de riscos potenciais.
- Direcionamento estratégico: facilita o rastreamento das iniciativas e resultados ao longo do tempo.
- Identificação de oportunidades: auxilia na detecção de áreas de melhoria.
- Reforço da reputação: comprova o compromisso da empresa com a sustentabilidade, evitando o greenwashing.
- Engajamento com stakeholders: Aumenta a transparência e fortalece as relações com investidores e outras partes interessadas
Como utilizar o Relatório de Sustentabilidade na Comunicação Empresarial?
Para integrar o Relatório de Sustentabilidade na jornada ESG, a empresa deve primeiro identificar suas práticas dentro dos pilares de sustentabilidade e estabelecer metas claras.
Em seguida, deve mensurar e acompanhar os resultados utilizando indicadores adequados. Por fim, os dados coletados devem ser compilados e apresentados no relatório, que pode ser divulgado anualmente ou conforme a necessidade.
Dessa forma, o Relatório de Sustentabilidade se torna uma ferramenta indispensável para as empresas que desejam seguir uma jornada ESG verdadeira, comunicando avanços e impactos de maneira transparente e responsável.
A obrigatoriedade de Relatórios de Sustentabilidade: O novo requisito para empresas da bolsa
Vale resaltar que, a partir de 2026, as empresas abertas precisarão publicar seus relatórios de sustentabilidade, conforme a resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que foi publicada em outubro de 2023.
Com isso, os relatórios deverão ser apresentados anualmente, sempre em maio, junto ao formulário de referência. Em 2024 e 2025, a publicação dos relatórios será opcional, permitindo que as empresas se adaptem às novas exigências.
Por fim, a obrigatoriedade visa ajudar os investidores a tomar decisões alinhadas a critérios sustentáveis, de forma mais transparente, sobre as oportunidades e riscos relacionados aos negócios de cada empresa. Para saber mais sobre esse tema, clique aqui!
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