Está por dentro da ISO 14091? Chegamos ao momento em que a adaptação climática não é mais uma escolha — é um passo necessário, uma resposta concreta frente à mudança do clima. Em um contexto em que eventos extremos se tornam cada vez mais frequentes e impactam decisões públicas e privadas, agir com base em dados técnicos e estruturados é essencial.
Atenta a esse cenário, a ABNT publicou em 26 de março de 2025 a ABNT NBR ISO 14091:2025, norma que traz diretrizes claras para apoiar organizações públicas e privadas na identificação, avaliação e gestão de riscos climáticos.
Continue a leitura e fique por dentro!
O que é a ISO 14091:2025?
Em um momento em que os impactos climáticos já afetam diretamente negócios, comunidades e cadeias logísticas, a ‘ISO 14091- Adaptação às mudanças climáticas: Diretrizes sobre vulnerabilidade, impactos e avaliação de risco’ se apresenta como uma ferramenta prática e estratégica para transformar vulnerabilidades em ações de adaptação consistentes. Ela preenche uma lacuna ao estabelecer uma metodologia clara, acessível e replicável para avaliar a exposição a riscos climáticos e fortalecer a resiliência organizacional.
A norma faz parte da família ISO voltada à adaptação à mudança do clima e complementa a ISO 14090, publicada em 2023, que trata dos fundamentos gerais da adaptação. A ISO 14091 não substitui a anterior, mas aprofunda a etapa mais crítica do processo adaptativo: a avaliação de riscos climáticos.
Ela orienta como mapear ameaças, identificar vulnerabilidades e pontos frágeis do sistema e agir com base em diagnósticos técnicos, deixando de lado percepções subjetivas. Seu foco está em tornar o processo decisório mais robusto, baseado em evidências.
A norma ISO 14091 propõe três grandes etapas:
- Preparar a avaliação, definindo escopo, objetivos e equipe;
- Executar a avaliação, mapeando riscos, impactos e capacidades adaptativas;
- Comunicar os resultados, subsidiando planos de adaptação de curto, médio e longo prazo.
A norma apresenta diretrizes para:
- Avaliar vulnerabilidades com base em cenários climáticos atuais e futuros;
- Identificar a exposição e a sensibilidade de ativos físicos, operações e cadeias de suprimentos;
- Medir a capacidade adaptativa da organização;
- Priorizar riscos e definir ações com critérios técnicos e de governança;
- Monitorar continuamente indicadores de risco com base em dados verificáveis.
O que muda com a nova norma ISO 14091?
A ISO 14091:2025 surge como um guia técnico fundamental para organizações que precisam entender, planejar e responder aos riscos climáticos de forma estruturada.
Ela reforça a importância de análises setoriais, da identificação de interdependências, da revisão dos dados utilizados e da integração dos resultados aos processos decisórios. Também oferece subsídios diretos à formulação de estratégias corporativas, relatórios ESG e políticas públicas.
ISO 14091: Benefícios para empresas e governos
A ISO 14091 é aplicável a empresas de todos os setores e portes, especialmente aquelas mais expostas a condições climáticas extremas. Sua implementação fortalece o planejamento e a gestão de riscos, proporcionando maior segurança operacional, eficiência estratégica e alinhamento com agendas globais de sustentabilidade.
Governos também se beneficiam diretamente ao adotar a norma como base para políticas públicas, projetos urbanos e decisões de infraestrutura, garantindo que suas ações estejam fundamentadas em dados concretos e diretrizes reconhecidas internacionalmente.
Adotar a ISO 14091 é também uma forma de demonstrar transparência quanto aos riscos assumidos, maturidade na gestão climática, compromisso com a sustentabilidade de longo prazo e capacidade técnica para reagir a um cenário climático cada vez mais desafiador.
Organizações que se antecipam e adotam mecanismos formais de avaliação e adaptação se destacam competitivamente. Elas conquistam reputação institucional, reduzem perdas operacionais, ampliam acesso a financiamentos sustentáveis e fortalecem relações com partes interessadas.
Aplicabilidade prática e integração com ESG nas organizações
A ISO 14091 está totalmente alinhada ao pilar ambiental da agenda ESG e tem impacto direto sobre a governança. Ela ajuda empresas a refletirem sobre perguntas estratégicas como:
- Quais eventos climáticos extremos têm maior potencial de afetar minhas atividades?
- De que forma esses riscos podem comprometer o desempenho, a imagem institucional ou o cumprimento de exigências legais?
- Quais ações podem ser planejadas agora para reduzir perdas futuras?
- Minha empresa tem estrutura e protocolos prontos para reagir a situações como alagamentos, secas prolongadas ou variações extremas de temperatura?
Além disso, a norma permite integrar riscos climáticos aos sistemas existentes de gestão corporativa, planejamento estratégico e relatórios de sustentabilidade. Ela fortalece o “G” do ESG ao exigir decisões baseadas em dados, projeções e responsabilidade.
Adotá-la demonstra:
- Transparência nos riscos assumidos;
- Maturidade na gestão de riscos climáticos;
- Comprometimento com sustentabilidade de longo prazo;
- Capacidade técnica e estratégica de adaptação.
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Conexão com a nova legislação e soluções para cidades
Vale destacar que a adaptação climática agora é uma exigência legal no Brasil, com a sanção da Lei 14.904/24, que obriga estados e municípios a estruturarem seus Planos de Adaptação Climática. Essa legislação marca um novo capítulo na gestão climática do país, fortalecendo a integração entre políticas locais e diretrizes globais.
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