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COP29: negociações continuam madrugada adentro – o que está em jogo?

Hoje era para ser o último dia da COP29, mas as negociações se estenderam noite adentro. Ainda não temos as decisões finais, mas o documento mais recente, o rascunho do Novo Objetivo Quantificado Coletivo (NCQG), já dá pistas importantes sobre os caminhos que estão sendo discutidos. A expectativa é que amanhã tenhamos o fechamento oficial, mas enquanto isso, vale explorar o que está sendo construído e o impacto dessas decisões para países como o Brasil.

O que é o NCQG?

O Novo Objetivo Quantificado Coletivo é uma meta global de financiamento climático. Ele busca mobilizar pelo menos 1,3 trilhão de dólares por ano até 2035 para ajudar países em desenvolvimento a enfrentar as mudanças climáticas. Esse dinheiro será usado tanto para reduzir emissões quanto para proteger as comunidades dos impactos climáticos – desde secas mais severas até enchentes cada vez mais comuns.

Mas, como já comentamos antes, não existe dinheiro público suficiente para bancar um valor desse tamanho. Por isso, o NCQG propõe a entrada de recursos privados e de mecanismos bilaterais e multilaterais. Ainda assim, os números estão abaixo do necessário: o próprio IPCC estimou que o custo real para ações climáticas pode chegar a 6,8 trilhões de dólares até 2030. Ou seja, estamos longe do ideal.

Está no papel

O rascunho atual do NCQG (NCQG_4 disponibilizado no site da UNFCCC) traz alguns pontos chave:

1. Financiamento anual de 250 bilhões de dólares

Esse valor deve vir de fontes públicas e privadas e ser direcionado para países em desenvolvimento, priorizando aqueles mais vulneráveis.

2. Equilíbrio entre mitigação e adaptação

O financiamento será dividido igualmente entre projetos para reduzir emissões de gases de efeito estufa e ações que ajudem comunidades a se adaptar, como construção de infraestruturas resilientes e investimentos em agricultura sustentável.

3. Reforma do sistema financeiro

Há uma proposta clara para reduzir os custos de acesso ao financiamento climático, simplificar processos e adotar instrumentos financeiros inovadores, como garantias e fundos de risco.

4. Fortalecimento do mercado de carbono

A COP29 destravou o mercado global de carbono, e o Brasil, que já lidera em projetos de MDL e REDD+, pode se beneficiar diretamente disso. Esses créditos de carbono podem complementar os custos das nossas metas climáticas.

O Brasil no contexto do NCQG

O Brasil está bem-posicionado para aproveitar as oportunidades que o NCQG oferece. Com projetos estruturados e fontes de financiamento já em andamento, o país tem capacidade de captar esses recursos e usá-los para fortalecer a economia verde. Além disso, o mercado de carbono destravado nesta COP é uma vantagem direta: o Brasil lidera em projetos de MDL e REDD+, o que pode atrair investimentos significativos.

Ao mesmo tempo, é preciso garantir que esses benefícios cheguem também aos grupos mais vulneráveis, como comunidades indígenas, quilombolas e populações de baixa renda. Esses são os que menos contribuíram para a crise climática, mas sofrem de forma desproporcional com os seus impactos.

Como destacou Ana Toni, o Brasil pode sair dessa COP29 com um sinal positivo e uma posição de protagonismo. Podemos usar esses recursos para avançar, tanto em termos econômicos quanto sociais.

Reflexão final

As negociações que continuam madrugada adentro mostram a complexidade do que está em jogo. Amanhã, com as decisões finais, teremos uma visão mais clara de como esse compromisso será transformado em realidade.

 

Participação do Grupo MYR:

🎥Jornal Minas – Rede Minas – 21/11 – COP29 e o papel das cidades

🎥Jornal Minas – Rede Minas – 20/11 – COP29 discute desafios da urbanização e as mudanças climáticas

Diálogos da COP: Veja o boletim do Grupo Myr no 10º dia na COP29

 

Jornada Rumo à COP30 é com o Grupo MYR!

Aqui no Grupo MYR, estamos comprometidos com a agenda global de mudanças climáticas

Por isso, nossos diretores, Sérgio Myssior e Thiago Metzker, marcam presença ativa nas conferências climáticas da ONU desde a COP26, e já estão no Azerbaijão como observadores internacionais da ONU, produzindo conteúdo analítico sobre o evento, e participando de paineis e debates, que ocorrem simultaneamente às negociações entre os 198 países.

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Nosso grupo é especializado em soluções ESG de classe mundial e está comprometido em apoiar essa transição para cidades de baixo carbono, assim como na jornada de descarbonização nas empresas.

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