Após duas semanas de uma programação intensa, termina hoje a COP27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Sharm El-Sheikh, no Egito.
O último dia da Cúpula do Clima foi marcado pela divulgação de um segundo rascunho do relatório final da conferência. Mais uma vez, o texto preliminar não agradou, gerando novamente apreensão e repercussão negativa.
Com isso, a divulgação do texto final ficou para sábado, 19, com a possibilidade desta edição encerrar sem grandes avanços nas negociações.
Nossos diretores, Sérgio Myssior e Thiago Metzker, que acompanharam a COP27 desde o primeiro dia, fazem hoje um balanço final: uma tradução das discussões mais importantes desse grande evento.
Como observadores internacionais e parceiros estratégicos do ICLEI e de veículos de comunicação brasileiros, os diretores do Grupo MYR e do IBAM participaram ativamente de mais uma COP, acompanhando os bastidores da conferência, as tendências de mercado e os avanços definidos para governos, empresas e sociedade civil no enfrentamento da crise climática.
Em uma cobertura diária, foram realizadas diversas entrevistas exclusivas com autoridades políticas, empresários e ativistas relacionadas a diversos temas: transformação urbana, mercado global de carbono, sustentabilidade, energias renováveis, entre outros.
Acompanhe o último dia da COP27 e o nosso balanço final!
COP27 último dia: ONU divulga o segundo texto preliminar de acordo
Neste último dia, 18, a ONU divulgou mais um texto preliminar, o segundo rascunho do que seria o acordo da COP27.
Os negociadores correm para finalizar o texto final, mas ainda há questões em aberto.
Entenda quais são esses pontos divergentes:
Financiamento climático
Ainda não há consenso sobre o principal tema da COP27: a criação de um fundo de compensação financeira para os países pobres pelas perdas e danos sofridos pelas mudanças climáticas.
Enquanto os negociadores ainda buscam um acordo nessa questão, a União Europeia fez uma proposta na noite desta quinta-feira, 17.
Nela, o fundo seria financiado por uma base mais ampla de doadores, incluindo os países mais poluidores do mundo, e não apenas os países mais ricos. Isso mudaria a situação da China, por exemplo, que passaria a contribuir com o fundo, uma vez que é maior poluidor do planeta, mesmo sendo considerado um país ainda em desenvolvimento, segundo critérios da ONU.
Combustíveis fósseis
Também há divergência sobre os combustíveis fósseis. Parte dos países defende o fim gradual do uso de todos, incluindo petróleo e gás, e não apenas carvão, como foi acordado na última COP.
Redução da emissão de gases poluentes
E os países ainda discutem a criação de um programa para monitorar a redução de emissão de gases poluentes, outro compromisso da última edição da conferência global.
COP27 último dia: Balanço final
O maior evento mundial sobre a mudança do clima, que teve início em 6 de novembro, reuniu cerca de 44 mil pessoas, entre líderes mundiais, empresas, sociedade civil e ativistas.
Ao todo, 190 países participaram da cúpula. Durante duas semanas, delegados, governantes e representantes de ONGs debateram sobre ações para o meio-ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Com uma temática diferente a cada dia, a COP27 foi marcada por uma série de programações simultâneas.
Mitigação, adaptação, financiamento climático e colaboração entre os países foram os principais temas desta edição da Cúpula do Clima.
Lula na COP27: Brasil de volta ao protagonismo climático
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos grandes nomes do evento.
Durante sua passagem na COP27, Lula anunciou que o combate à mudança climática será prioridade em seu governo, reiterando o compromisso com o combate ao desmatamento e outros crimes ambientais não apenas na Amazônia, mas em todos os biomas brasileiros.
No Egito, Lula também teve uma agenda cheia de encontros bilaterais, articulando apoio de países estratégicos para a retomada do fundo amazônia.
Lula solicitou ainda a realização da COP30, em 2025, em solo brasileiro.
Brazil Climate Action Hub
O último dia da conferência seguiu com encontros e debates no Brazil Climate Action Hub.
Os temas discutidos nesta sexta-feira, 18, foram divididos em dois painéis:
1. Atuação Parlamentar em Perdas e Danos – Perspectivas do Global Sul
Como sabemos, os Países do Global Sul estão em maior vulnerabilidade em relação aos eventos climáticos extremos. No entanto, há poucas políticas públicas para dar respostas aos impactos posteriores às ocorrências destes eventos, que acontecem de forma cada vez mais frequente e intensa.
Assim, esse evento teve como objetivo discutir o papel fundamental de lideranças do legislativo na agenda de Perdas e Danos, tanto em relação a proposições legislativas, quanto na fiscalização do Poder Executivo de seus países, a partir da experiência de parlamentares brasileiros.
A sessão contou com a participação das seguintes autoridades políticas:
- Fabiano Contarato – Senador (ES);
- Aurea Carolina – Deputada Federal (MG);
- Natalia Bonavides – Deputada Federal (RN);
- Rodrigo Agostinho – Deputado Federal (SP);
- Alessandro Molon – Deputado Federal (RJ);
- Taina de Paula – Vereadora (RJ).
2. O papel de um mercado de carbono regulado para apoiar o setor empresaria brasileiro no alcance de metas net-zero
Esse painel teve o objetivo de discutir os benefícios e implicações do mercado regulado de carbono e seu papel para que o setor empresarial alcance os objetivos de neutralidade climática.
Afinal, as empresas brasileiras enfrentam o desafio de se reestruturarem e inovarem, estabelecendo compromissos e buscando medidas para implementar metas net-zero que aumentem a ambição da NDC brasileira e fortaleçam o objetivo de longo prazo de neutralidade climática até 2050.
A sessão reuniu:
- Ronaldo Seroa da Motta, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ;
- Victor Salviati, Superintendente de Inovação & Desenvolvimento Institucional da FAS (Fundação Amazônia Sustentável);
- Viviane Romeiro, responsável técnica pela Câmara Temática de Clima do CEBDS;
- Caroline Prolo, fundadora da LACLIMA;
- Karen Tanaka – Gerente de Sustentabilidade da AMBEV.