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Solutions Day ou Dia de Soluções. Esse é o tema do 11° dia da COP27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Sharm El-Sheikh, no Egito.

O 11° dia da Cúpula do Clima também foi marcado pela divulgação do primeiro rascunho do relatório final da COP27, que termina nesta sexta-feira, 18. Pela primeira vez a temática de perdas e danos foi incluída na minuta, mas o documento não menciona a redução gradual de todos os combustíveis fósseis e nem detalhes do fundo por perdas e danos, causando apreensão e repercussão negativa.

Nesta quinta, 17, outro destaque foi o encontro do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, com organizações da sociedade civil. Com a agenda cheia, Lula também participou do Fórum dos Povos Indígenas e ainda teve encontros com autoridades políticas da Noruega, Alemanha e com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Como observadores internacionais e parceiros estratégicos do ICLEI e de veículos de comunicação brasileiros, nossos diretores, Sérgio Myssior e Thiago Metzker, seguem acompanhando a conferência global que se aproxima do fim.

Confira agora a tradução das discussões mais importantes de hoje feita por nossos diretores do Grupo MYR e do IBAM!

COP27 11° dia: Dia de Soluções ou Dia das Cidades

Esta quinta-feira foi dedicada às soluções. Diversos painéis e encontros marcam este dia de intercâmbio de experiências entre a sociedade civil, empresas e governos locais pela sustentabilidade, para a construção de futuras alianças e colaborações, como explica nosso diretor Sérgio Myssior:

“Por meio de diálogos, intercâmbio, em um ambiente extremamente colaborativo, o objetivo deste dia é buscar soluções para grandes desafios ligados à agenda do clima, variando desde soluções circulares, holísticas, transversais, em uma ação multinível”, disse Sérgio.

Nesse sentido, várias temáticas de possíveis soluções tiveram destaque, tais como:

Cidades sustentáveis, infraestruturas resilientes, edifícios verdes, soluções baseadas na natureza, além de ações de adaptação às mudanças climáticas para que a população dos assentamentos humanos não sofram tanto as consequências dos impactos climáticos.

Para isso, esse esforço conjunto de combate às mudanças climáticas reuniu empresas e soluções inovadoras de pequeno e médio porte com representantes de Governos e Instituições Financeiras. 

Rascunho do texto final da COP27

Hoje, a Agência Climática da ONU divulgou um primeiro rascunho do que poderia ser o acordo desta conferência. Mas o documento de 20 páginas ainda deixa questões importantes de fora, o que gerou grande repercussão.

O texto preliminar repete a meta do pacto climático de Glasgow do ano passado, 2021, que trata de acelerar as medidas para a redução gradual da energia a carvão, bem como eliminar gradualmente e racionalizar subsídios aos combustíveis fósseis. 

No entanto, a expectativa era de avanços mais significativos nessa área, com um acordo que indicasse a necessidade de uma redução gradual de todos os combustíveis fósseis, e não apenas do carvão, conforme sugerido pela União Europeia, Índia e Estados Unidos. 

O documento divulgado também não incluiu os detalhes para o lançamento de um fundo para perdas e danos, uma das principais demandas dos países pobres e em desenvolvimento, naturalmente mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Com relação à meta de um aquecimento global de até 1,5ºC, o texto do rascunho enfatiza a importância de exercer todos os esforços em todos os níveis para atingir a meta do Acordo de Paris.

COP27 11° dia: Lula se reúne com a sociedade civil

Nesta quinta-feira, 17, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, participou de um evento organizado pelo Brazil Climate Action Hub.

No encontro, Lula ouviu  representantes de sete instituições da sociedade civil. As lideranças se mostraram otimistas, com esperança de que o presidente eleito retome o diálogo, após 4 anos difíceis, sem apoio do atual governo brasileiro, conforme lamentaram no evento. 

Representantes dos movimentos negros e indígenas destacaram como as mudanças climáticas geram impacto na desigualdade, prejudicando esses grupos.

Os ativistas também pediram uma coalizão entre Estado, Governo Federal e sociedade civil para proteger e investir na Amazônia com responsabilidade.

Os grupos ainda entregaram uma carta com 13 demandas ao presidente eleito. Entre elas, está a criação de um conselho nacional da juventude pelo clima.

Na oportunidade, Lula se comprometeu a retomar esse contato mais próximo com a sociedade civil e prometeu mais investimento em universidades, escolas e também na cultura em áreas de periferia. 

O presidente eleito ainda defendeu a demarcação de terras indígenas e quilombolas e disse que o verdadeiro empresário do agronegócio sabe que não pode derrubar e explorar a natureza.

Hoje, Lula também voltou a cobrar os países ricos, que prometeram, em 2009, repassar 100 bilhões de dólares por ano para os países pobres, em desenvolvimento, enfrentarem a emergência climática.

Fundo Amazônia

A agenda de Lula seguiu com um encontro com o ministro do Meio Ambiente da Noruega e com a Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, dois países estratégicos, afinal, são os principais financiadores do fundo Amazônia.

O fundo estava suspenso desde 2019, e o desejo do novo governo é retomar o apoio desses países, além de articular mais apoio de outras nações.

Painel: “Ação rumo a um ambiente construído de emissão zero, circular e resiliente e cidade para todos, em todos os lugares”

O Painel “Action towards a zero-emission, circular, & resilient built environment and cities for everyone, everywhere” ou Ação rumo a um ambiente construído de emissão zero, circular e resiliente e cidade para todos, em todos os lugares”, ocorrido na Blue Zone, contou com a participação do Deputado Federal eleito por Pernambuco, Pedro Campos, dentre outros participantes.

Nosso diretor Sérgio Myssior acompanhou de perto as discussões desse painel.

Na ocasião, Brigid Shea, do condado de Travis no Texas e do board do ICLEI nos Estados Unidos, falou sobre o empoderamento dos governos locais e fez questão de lembrar que, durante o período negacionista do governo Trump, os governos subnacionais tiveram que assumir o protagonismo climático, inclusive estabelecendo e reforçando as redes e ações colaborativas.

Brigid também destacou a importância de traduzir os efeitos das mudanças climáticas, pois as pessoas vivenciam dramas urbanos como deslizamentos, inundações, furacões, incêndios florestais e eventos climáticos cada vez mais intensos e frequentes, muitas vezes não estabelecendo uma conexão com a agenda do clima. 

Com isso, a especialista reafirmou a necessidade de se engajar e mobilizar a população, inclusive entre aqueles mais céticos e até mesmo negacionistas. 

Reunião Ministerial

Outro encontro importante do dia foi o “Ministerial Meeting on Urbanization and Climate Change at COP27” ou “Reunião Ministerial sobre Urbanização e Mudanças Climáticas na COP27”, um acontecimento inédito.

A reunião ministerial na COP27 foi realizada na Blue Zone e contou com a participação de dezenas de nações. Ela foi precedida por uma caminhada em grupo entre o pavilhão Multilevel Action e o local definido para a reunião ministerial. Cerca de 50 pessoas percorreram o trajeto ecoando a importância do empoderamento dos governos subnacionais na agenda do clima, clamando por recursos e gritando palavras de ordem “walk the talk”, o que compreende uma cobrança pela coerência entre aquilo que é falado e aquilo que é praticado, fazendo referência à implementação das ações e compromissos previamente assumidos pelas partes. Esta importante reunião contou com a participação da Prefeita de Palmas (TO), Cinthia Ribeiro, representando os municípios da América Latina. 

Inclusive, esse foi um evento que aconteceu pela primeira vez em uma COP. “A novidade foi a reunião Ministerial unindo urbanização e mudanças climáticas na mesma agenda de enfrentamento”, explica Sérgio Myssior.

Na sessão presidida pela presidência egípcia da COP27 e pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU Habitat), representantes de 32 países se comprometeram a apoiar a implementação da segunda fase do Acordo de Paris, que consiste em alcançar a descarbonização das economias mundiais. 

A prefeita de Palmas destacou que essa é mais uma oportunidade para se repensar as questões e urgências ambientais. “Como cidades e governos subnacionais, nos comprometemos a apoiar a implementação da segunda fase do Acordo de Paris, por meio de nossas próprias ações de combate às mudanças climáticas e estruturas urbanas que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis”, disse.

Na reunião ministerial também foi apresentada a iniciativa surge, que trata da resiliência urbana, cujo objetivo é aprimorar e acelerar a ação climática local e urbana, por meio de governança multinível, engajamento e entrega, contribuindo para o alcance dos Objetivos Climáticos de Paris. Agenda que será facilitada pelo ICLEI América do Sul.

Após a sessão, o Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, conversou com a prefeita de Palmas, que foi a única autoridade brasileira a participar dessa reunião ministerial, e com Secretário de Assuntos fundiários da Cidade de Palmas, Fábio Chaves.

Eles comentaram sobre o anúncio feito, na COP27, da implementação da agenda climática na cidade de Palmas.

“É possível fazer uma política sustentável e de forma eficiente”, enfatizou a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro

Acompanhe a entrevista exclusiva:

Papel dos governos locais para a neutralidade climática

Destacamos hoje também o evento “Role of local governments for climate neutrality ou “Papel dos governos locais para a neutralidade climática”.

Realizada no Karea Pavilion, essa sessão contou com a presença do Secretário Executivo da Rede Mercocidades, Lautaro Lorenzo.

ICLEI AMÉRICA DO SUL

No ICLEI LGM Pavilion, duas sessões importantes marcaram este dia:

  1. Accelerating Implementation of Climate Resilient Development: Lessons from Cities and Subnational Governments of the Global South” ou “Acelerando a Implementação do Desenvolvimento Resiliente ao Clima: Lições de Cidades e Governos Subnacionais do Sul Global”.

O painel contou com a participação da Secretária de Meio Ambiente do Governo do Estado de Pernambuco, Inamara Melo. 

  1.  “Nature based solutions and circular development strategies  to address the climate emergency in Latin America ou “Soluções baseadas na natureza e estratégias de desenvolvimento circular para enfrentar a emergência climática na América Latina”. 

O evento contou com a participação da Prefeita de Palmas (TO), Cinthia Ribeiro, e do Prefeito de Independencia, no Chile, Gonzalo Duran.O Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, também participou do painel “Public Private Partnerships to foster the restoration in the Amazon: the relevance of Pará State” ou “Parcerias público-privadas para fomentar a restauração na Amazônia: a relevância do Estado do Pará”, realizado na área do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal.

Bianca Cantoni, gerente regional de Advocacy do ICLEI América do Sul

Em entrevista exclusiva ao nosso diretor Sérgio Myssior, Bianca Cantoni, gerente regional de Advocacy do ICLEI América do Sul, fez um balanço sobre os avanços dos governos subnacionais e da sociedade civil na COP27 e falou sobre os benefícios dentro da agenda do clima para melhorar a vida das pessoas, reduzindo as vulnerabilidades.

Bianca destacou que a discussão sobre clima não tem a ver só com preservação ambiental e com mitigação.

“A agenda climática precisa de sair das secretarias do meio ambiente e precisa ir para outras esferas do governo subnacional. A gente precisa entender que falar de mudança climática é falar de emprego, transporte, saúde e alimentação, e não só falar de catástrofes naturais. A mudança climática afeta todos os aspectos das nossas vidas”, ressaltou Bianca.

Acompanhe a entrevista com Bianca Cantoni:

Brazil Climate Action Hub

No Brazil Climate Action Hub, o painel “Mobilidade Sustentável e Inclusiva: Como boas práticas locais podem influenciar boas ações do governo federal” abordou as práticas mais atuais e inovadoras de gestão do transporte coletivo adotadas nas cidades brasileiras, e como elas ajudam a garantir o direito dos usuário e reduzir o impacto ambiental que o transporte gera.

As cidades visam ampliar a frota elétrica e buscam recursos para reduzir a tarifa.

Os projetos que estão sendo elaborados são inspirados em ações adotadas na América Latina e estão impactando a revisão da legislação federal dos transportes. 

Organizado pelo IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e pela Casa Fluminense, o painel contou com a participação de:

  • Rafael Calabria, Coordenador de Mobilidade Urbana, Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor;
  • Vitor Mihessen, Coordenador Executivo, Casa Fluminense;
  • Débora Redondo – Arquiteta da Secretaria de Mobilidade Urbana de São José dos Campos;
  • Marcos Daniel Souza dos Santos – Diretor do Departamento de Projetos de Mobilidade Urbana da Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional Urbano do MDR;
  • Liza Castillo – Senior Adviser até Slocat Partnership on Sustainable, Low Carbon Transport e
  • Rafaela Albergaria – Observatório dos Trens do Rio de Janeiro.

Nosso diretor Sérgio Myssior teve a oportunidade de conversar com a Rafaela Albergaria do Observatório dos Trens do Rio de Janeiro, que falou sobre a importância desse evento em que foram discutidas boas práticas para a mobilidade nas cidades.

Acompanhe a entrevista: 

Grupo MYR na COP27: Principais pautas da cúpula

Confira agora o boletim de fechamento do penúltimo dia da COP27, com os principais assuntos debatidos, na visão do nosso diretor Sérgio Myssior:

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MYR na Mídia – COP27

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